
Em meio às celebrações de Páscoa, um alerta importante ecoa da área da infectologia: a atenção redobrada com a segurança alimentar é essencial para evitar as perigosas intoxicações alimentares. O período, marcado pelo consumo elevado de ovos de chocolate, peixes e frutos do mar, exige cuidados específicos em relação à procedência, conservação e preparo desses alimentos.
De acordo com a Dra. Maria Kassab, infectologista do laboratório DMS Burnier, na Páscoa, alguns tipos de intoxicação alimentar se tornam mais frequentes. Em relação aos ovos de chocolate, a preocupação central reside na data de validade e na procedência. Dada a grande oferta, é crucial verificar esses dois pontos antes do consumo. Ao abrir o ovo, a observação do aspecto também é importante: textura ressecada ou esfarelada e a presença de elementos estranhos podem indicar má qualidade e potencial risco gastrointestinal.
Os tradicionais almoços de Páscoa, muitas vezes incluindo frutos do mar, também demandam atenção especial. Certas espécies de peixe podem conter toxinas, e a ingestão de mariscos está frequentemente associada a riscos de intoxicação, manifestando-se desde reações cutâneas, como manchas e vermelhidão facial até quadros de gastroenterite com diarreia e vômito. Além disso, a conservação inadequada de pratos, como maioneses e patês, e a higienização insuficiente de saladas podem levar a contaminações por bactérias e protozoários.
“Embora a intoxicação alimentar possa afetar qualquer pessoa, idosos e crianças são considerados grupos mais vulneráveis devido à maior probabilidade de desenvolverem complicações graves, como a desidratação. Nesses casos, a identificação precoce dos sintomas e a hidratação adequada são ainda mais importantes”, explica.
Os sinais mais comuns de uma intoxicação alimentar incluem diarreia, frequentemente aquosa e podendo conter muco ou sangue, e vômitos, que podem ser intensos. Esses sintomas geralmente surgem entre duas e quatro horas após a ingestão do alimento contaminado, podendo ocorrer até 24 horas depois. A procura por ajuda médica é crucial em situações de incapacidade de hidratação, febre alta ou presença de sangue nas fezes.
Diante desse cenário, a especialista reforça algumas orientações cruciais para uma Páscoa segura do ponto de vista alimentar. “Primeiramente, a moderação é sempre uma aliada. Evitar o consumo excessivo, seja nos almoços festivos ou na deliciosa tentação dos chocolates, pode prevenir muitos desconfortos gastrointestinais. Em segundo lugar, a atenção à procedência e à data de validade dos alimentos que chegam às nossas mesas é uma medida preventiva essencial. Dediquem um momento para verificar as embalagens, especialmente dos ovos de chocolate e dos frutos do mar, garantindo assim a qualidade do que será consumido. O preparo e a higiene dos alimentos são o terceiro pilar desta orientação. Assegurar o cozimento completo de carnes, peixes e frutos do mar, além da correta lavagem e desinfecção de frutas, verduras e legumes, são passos que não podem ser negligenciados. Por fim, mas não menos importante, é fundamental estarmos atentos aos sinais que nosso corpo nos dá. Ao menor sinal de intoxicação alimentar, como sintomas persistentes, desidratação, febre alta ou outras manifestações preocupantes, não hesitem em procurar assistência médica”, finaliza.