
Paulínia é o segundo maior município exportador e o primeiro em importações na região; expectativa é de acordo sobre o tarifaço até dezembro
A Regional Campinas do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) apresentou, na última terça-feira (28), a Pesquisa de Sondagem Industrial de outubro, realizada com empresas associadas para avaliar as expectativas do setor. O levantamento também analisou o desempenho da Balança Comercial Regional. No mesmo mês, Paulínia se destacou como o segundo município mais exportador (24,20%) e o primeiro em importações (46,39%) entre as cidades da RMC.
A pesquisa apontou que a possível falta de chips e a escassez hídrica estão entre as principais preocupações da indústria regional para os próximos meses. Segundo o primeiro vice-diretor do Ciesp-Campinas, Valmir Caldana, o recente embate entre Holanda e China pode comprometer o fornecimento global de chips.
“Na montagem de um automóvel são necessários entre mil e três mil chips, que controlam todos os sistemas eletrônicos do veículo. Isso mostra o quanto essa questão é preocupante”, explicou Caldana.
Outra preocupação destacada é a possível escassez de água na Região Metropolitana de Campinas (RMC), em razão da redução das chuvas e da queda no volume dos reservatórios que abastecem a região. Caldana ressaltou que a água é essencial para diversos setores industriais, especialmente os de alimentação, bebidas, produtos químicos e de limpeza.
Na sondagem, 67% das empresas associadas afirmaram estar “muito preocupadas” com o risco de escassez hídrica, enquanto 33% relataram “pouca preocupação”. O segundo vice-diretor do Ciesp-Campinas, Stefan Rohr, destacou que, embora parte da indústria já utilize água de reúso, há setores que ainda dependem fortemente da captação convencional.
Expectativa de acordo sobre o tarifaço
O diretor do Departamento de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas, Anselmo Riso, demonstrou otimismo em relação à negociação para a redução do tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil.
“A expectativa é que uma solução seja alcançada até o final do ano. As reuniões técnicas devem começar na próxima semana e devem durar cerca de 90 dias”, afirmou Riso.
Estabilidade econômica e faturamento
Os indicadores da sondagem apontam estabilidade na atividade industrial, com 45% das empresas prevendo nenhuma alteração no faturamento para o último trimestre do ano. Já 22% esperam queda e 11% projetam aumento nas receitas. O restante das respondentes (22%) não apresentou avaliação.
Balança Comercial Regional
De acordo com o levantamento, o valor exportado em setembro de 2025 foi de US$ 310,6 milhões, representando queda de 4,68% em relação a setembro de 2024. No acumulado de janeiro a setembro, as exportações somaram US$ 2,655 bilhões, 2,39% acima do mesmo período do ano anterior.
As importações chegaram a US$ 1,449 bilhão em setembro, 26,89% maiores que no mesmo mês de 2024. No acumulado do ano, o total importado foi de US$ 10,958 bilhões, um crescimento de 18,95%.
O déficit comercial regional em setembro foi de US$ 1,138 bilhão, 39,48% maior que o registrado em setembro de 2024. No acumulado do ano, o déficit chegou a US$ 8,303 bilhões, um aumento de 25,44%.
A corrente de comércio exterior (soma das exportações e importações) atingiu US$ 1,759 bilhão em setembro — 19,88% acima do registrado no mesmo mês de 2024. No acumulado de 2025, o volume chegou a US$ 13,613 bilhões, representando crescimento de 15,31%.
Destaques municipais
Os principais municípios exportadores da Regional Campinas em setembro de 2025 foram: Campinas (28,35%), Paulínia (24,20%), Sumaré (9,87%), Mogi Guaçu (9,21%), Santo Antônio de Posse (6,37%), Conchal (5,17%) e Valinhos (4,40%).
Já os municípios que mais importaram foram: Paulínia (46,39%), Campinas (22,69%), Sumaré (8,50%), Hortolândia (8,19%), Jaguariúna (5,36%) e Valinhos (4,51%).
Principais parceiros comerciais
Os três principais destinos das exportações da indústria regional em setembro de 2025 foram os Estados Unidos (US$ 57,03 milhões – 18,36%), Argentina (US$ 43,46 milhões – 13,99%) e Holanda (US$ 19,34 milhões – 6,23%).
Já os principais países de origem das importações foram China (US$ 439,96 milhões – 30,36%), Estados Unidos (US$ 231,47 milhões – 15,97%) e Índia (US$ 154,12 milhões – 10,63%).
No acumulado de 2025, os principais destinos das exportações foram: Estados Unidos (US$ 507,05 milhões – 19,10%), Argentina (US$ 377,93 milhões – 14,23%) e Holanda (US$ 143,88 milhões – 5,42%). As importações acumuladas vieram principalmente da China (US$ 3,079 bilhões – 28,10%), Estados Unidos (US$ 1,803 bilhão – 16,46%) e Índia (US$ 861,07 milhões – 7,86%).
Perfil – O Ciesp-Campinas conta com 590 empresas associadas, distribuídas em 19 municípios da região. O faturamento conjunto das empresas associadas é de R$ 53 bilhões ao ano. Conjuntamente essas empresas empregam 97.954 colaboradores.
FOTO: Os diretores do Ciesp Campinas, Valmir Caldana e Anselmo Riso, durante coletiva de imprensa para apresentar os números de outubro de 2025 | Foto: Roncon & Graça Comunicações/Divulgação
