Câncer de mama: os mitos e as verdades sobre a doença

Mesmo após três décadas de conscientização por meio do Outubro Rosa, ainda existem muitas dúvidas entre a população

O Outubro Rosa é considerado um dos principais movimentos sociais de conscientização contra o câncer de mama. O laço rosa ganhou força no final da década de 1980 e início da década de 1990, nos Estados Unidos, com a divulgação em massa da importância da prevenção e, na época, do autoexame das mamas. A força da campanha foi tamanha que mais de 30 anos depois, ficou impossível desassociar a cor rosa do mês de outubro.

É fato que muita coisa mudou ao longo desse tempo. Com as pessoas falando mais sobre a doença, a prevenção se torna cada vez mais natural entre as mulheres. Hoje, já não precisamos mais insistir no autoexame, explica Susana Ramalho, oncologista clínica do Grupo SOnHe. As mulheres sabem da importância da mamografia e, mais do que isso, entendem que esse exame salva vidas, pois é capaz de diagnosticar o tumor no estágio inicial, enquanto o autoexame identifica o nódulo com um tamanho maior. “Temos, hoje, uma outra perspectiva e podemos cuidar da paciente desde cedo, porque o comprometimento dela com a saúde existe e já é um hábito”, conta a médica, que ainda reforça o fato de os tumores diagnosticados em estágios iniciais apresentarem 95% de chances de cura.

Não é mito que o câncer de mama é o tumor mais frequente entre as brasileiras depois do câncer de pele não melanoma e que entre 2023 e 2025, são esperados 74 mil novos casos da doença, de acordo com as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Também não é mito que práticas saudáveis de vida contribuam para prevenir a doença. “Manter a qualidade de vida baseada em alimentação saudável, exercício físico e sono de qualidade é a melhor prevenção para uma série de doenças, inclusive para o câncer”, explica Leonardo Silva, oncologista do Grupo SOnHe. O médico também considera necessário reforçar cada vez mais as informações verdadeiras sobre a doença do que tentar desmistificar os boatos. “É claro que precisamos explicar o que não é correto sobre a doença, mas quando reforçamos a verdade, ela se espalha de forma muito mais convincente, haja vista a campanha Outubro Rosa, que começou com uma ação popular e, rapidamente, se tornou um marco mundial. Todo mundo sabe que a mamografia é necessária”, pontua o médico.

Recentemente, boatos sobre o câncer de mama voltaram a circular entre a população. Em uma época em que a informação está cada vez mais democratizada, é preciso fazer atenção ao tipo de história que é divulgada e consumida pelas pessoas, como atribuir ao desodorante diário a causa do câncer de mama. “Não faz o menor sentido compartilhar uma informação como essa! Não há qualquer evidência científica que aponte os desodorantes como causadores do câncer de mama. Os tumores, geralmente, se localizam perto das axilas, porque ali tem uma grande concentração de tecido glandular mamário e não porque existe um acúmulo de toxinas. Aliás, não eliminamos toxinas pela transpiração, mas pelas vias urinária e biliar. A transpiração serve para regular a nossa temperatura corporal”, desmistifica o oncologista Leonardo Silva.

Outro mito compartilhado é que a radiação durante a mamografia pode causar câncer. “A mamografia necessita de pouca radiação para ser executada. O risco da exposição a esta radiação é baixo e o benefício em muito se superpõe ao risco. Além disso, nunca houve um caso de câncer de mama comprovadamente induzido por radiação da mamografia”, continua o médico.

Sendo o tumor mais frequente entre as brasileiras, o câncer de mama exige cuidado. Bem por isso, é preciso seguir as recomendações de exames para cada faixa etária e fazer atenção ao histórico familiar, explica Susana Ramalho. “Além de termos conseguido avançar no rastreio desse tipo de tumor, por meio da mamografia e do ultrassom, é fundamental conhecer a paciente como um todo, porque a história da família diz muito sobre as expectativas daquela paciente”. Segundo a médica, o avanço da tecnologia também tem sido importante para entender a herança genética de cada mulher e antecipar possíveis decisões.

Prevenção

O Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer (INCA) recomendam a que a mamografia seja realizada anualmente por mulheres com mais de 40 anos. Entre os 50 e 69 anos, o exame deve ser feito a cada dois anos. A mamografia é indicada a todas as mulheres, inclusive quando não apresentam sintomas, porque é um exame de rastreio e pode identificar nódulos ainda muito pequenos. Mulheres que tenham histórico de câncer de mama na família devem começar a fazer o exame mais cedo, aos 35 anos. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), recomenda a realização anual do exame a partir dos 40 anos e aos 30 para pacientes consideradas de alto risco. Antes dos 40 anos, a mamografia se mostra menos efetiva, em função das características das mamas das mulheres mais jovens.

Sintomas e tratamento

Os sintomas do câncer de mama variam bastante, mas o principal deles é o aparecimento de nódulos palpáveis nas axilas e no pescoço. Em alguns casos, há o enrugamento da pele próxima ao mamilo, vermelhidão nessa região e possível secreção. A cirurgia para a retirada do nódulo é indicada, e geralmente pode ser seguida de quimioterapia, radioterapia e Terapia Endócrina

Leonardo Silva é oncologista clínico do Grupo SOnHe Baixar em alta

Susana Ramalho é oncologista clínica do Grupo SOnHe Baixar em alta