As plaquetas são aliadas essenciais que contribuem na melhora de milhares de pacientes; Oncologista explica como o procedimento é realizado e quem pode doar
14 de junho é o Dia Mundial do Doador de Sangue, data que conscientiza sobre a importância desse ato, principalmente para os pacientes com Leucemia. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 11.540 novos casos de leucemia, sendo 5.290 em homens e 6.250 em mulheres a cada ano do triênio 2023-2025. Apesar de ser altamente curável, ele é o décimo tipo de câncer mais comum no país, sem considerar os tumores de pele não melanoma.
Um assunto pouco comentado é a relevância da doação de sangue para pacientes com Leucemia, em quimioterapia ou ainda os que passam por transplantes de medula óssea. Esse tipo de neoplasia atinge os leucócitos (os glóbulos brancos, que são as células de defesa do organismo). “A Leucemia ocorre quando as células tronco (responsáveis pela produção de glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas) sofrem mutações genéticas, que levam à produção de leucócitos anormais (células cancerosas) e à alteração na produção das outras células sanguíneas”, explica a oncologista da Oncoclínicas São Paulo, Dra. Mariana Oliveira.
A doação de sangue pode ocorrer de maneira tradicional – nesta forma, após o procedimento, o sangue contido é separado em hemocomponentes, sendo os principais o plasma, as plaquetas e o concentrado de hemácias, através da centrifugação da bolsa de sangue em aparelhos.
Outra forma de doação é a chamada aférese. Durante o procedimento, o sangue passa por um equipamento que retém parte das plaquetas e, simultaneamente, devolve o restante do sangue para o doador, inclusive com todos os outros elementos presentes. “Esse processo é muito seguro e pode contribuir no tratamento de milhares de pacientes. Além disso, o organismo do doador consegue repor rapidamente as plaquetas, em uma média de até 48 horas”, reforça a oncologista.
Por que é importante doar plaquetas?
Por conta da Leucemia ou pela ação da quimioterapia, o paciente deixa de produzir células normais do sangue e, por isso, apresenta anemia grave e diminuição de contagem de plaquetas. Essas células, que são produzidas na medula óssea, têm como principal função atuar na coagulação, ou seja, podem evitar sangramentos espontâneos ou controlar aqueles que acontecem por algum tipo de trauma.
A médica afirma que uma contagem baixa de plaquetas pode trazer problemas à saúde do paciente: “Quando esses números são muito baixos, podem resultar em sangramentos graves e hematomas”. A transfusão de plaquetas tem como objetivo evitar os sangramentos que poderiam colocar a vida destes pacientes em risco, além de serem realizadas a cada 2 ou 3 dias até que a medula óssea volte a funcionar normalmente após a quimioterapia.
Mesmo sendo um procedimento simples, muitas pessoas ainda têm receio em fazer a doação, seja por medo ou até mesmo desconhecimento. “Essa apreensão é natural, mas é fundamental que a cada dia isso seja desmistificado. É muito importante que as doações aumentem para que possamos atender o maior número possível de pacientes”, reforça a oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
Para doar plaquetas é necessário:
- Ter entre 18 e 69 anos
- Pesar mais que 50kg
- Estar em boas condições de saúde
- Não fazer uso de ácido acetilsalicílico (AAS) e anti-inflamatórios
“Vale lembrar ainda que é fundamental o doador estar bem alimentado e evitar refeições gordurosas. Se houverem sintomas gripais, febre e diarreia, não é possível realizar a doação temporariamente, assim como pessoas que fizeram ingestão de bebida alcoólica no dia da doação, grávidas e mulheres com até três meses após o parto”, diz a oncologista.