Administrador de empresas cria avestruz no interior de São Paulo

Família iniciou na estrutiocultura após o pai comprar uma propriedade em Cosmópolis, interior paulista.

Julio Brustolin é um administrador de empresas que vive em Paulínia, interior de São Paulo e, ao contrário de outros produtores rurais que nasceram em fazendas, ele iniciou a vida em meio ao esporte. Aos oito anos de idade, Julio encontrou no bicicross – esporte praticado com bicicletas especiais em pistas de terra – o que o espírito desafiador dele queria: competir. Por 16 anos participou de inúmeras competições na modalidade e venceu algumas bem importantes: foi bicampeão paulista e vice-campeão brasileiro e, por meio do esporte, viajou pelo mundo para participar de 5 mundiais. Mas mesmo não tendo nascido em propriedade rural, o agronegócio sempre teve forte influência sobre ele, já que a família veio do Norte do Paraná, onde produzia café e algodão. E foi a cidade de Paulínia que o pai de Julio escolheu para iniciar um novo negócio: abrir uma transportadora. Como a influência rural ainda era grande, a opção foi transportar matéria-prima e produtos do campo, como açúcar, soja, milho e fertilizantes. Mas, o setor de transportes não era o único no qual a família iria atuar.

Quando meu pai montou transportadora, a gente conseguiu comprar essa área aqui na cidade Cosmópolis porque precisávamos de uma área próxima à rodovia para montar a garagem. Foi aí que descobrimos esse terreno aqui dentro da propriedade, que também já foi um laboratório de experimentos agrícolas. Então, meu pai teve a brilhante ideia de comprar um avestruz achando que era ganso para ornamentar a frente da transportadora e foi aí que ele entendeu o buraco que tinha entrado. Ele precisou conhecer mais [sobre a ave] e quis trabalhar no ramo.”

Assim, desde 2001, a família de Julio trabalha com avestruz, no processo de cria e recria. Hoje, eles contam com 240 matrizes na propriedade e, devido à infinidade de produtos que a ave fornece, Julio montou uma empresa para a comercialização de carne, couro, pluma e banha de avestruz. Segundo o administrador, é possível usar até os cílios do animal para a produção de cílios postiços.

“É um animal que oferece uma gama de produtos bastante comerciais por causa das qualidades nutricionais da carne e do manejo, que é muito mais simples de se tocar e de manter um plantel com pouco espaço de terra em relação aos grandes cultivos, principalmente para corte e para utilização de produtos. A gente fala que a carne do avestruz é praticamente orgânica, pois não tem nenhum tipo de vacina, hormônio ou qualquer medicamento, já que ele é uma ave muito resistente.”

Apesar das facilidades no manejo do avestruz, ainda existem na estrutiocultura algumas dificuldades. Uma delas, relatada por Julio, é a de exportação da produção, uma vez que a OMS exige o Plano Nacional de Controle de Resíduos, uma certificação que o Brasil ainda não tem. Além disso, segundo ele, encontrar frigoríficos qualificados e que atendam às normas de higiene e segurança alimentar para a comercialização nacional é outro obstáculo. No entanto, apesar das dificuldades, é na tecnologia que o criador de avestruz encontra saída para melhorar a gestão da propriedade e a rastreabilidade do produto.

“A tecnologia da criação do avestruz é mais focada na rastreabilidade, que a gente tem desde o nascimento do animal. Tem a identificação dele, o registro, o histórico, se ele precisou, por exemplo, fazer alguma sutura no pescoço, qual medicamento usou. Isso porque temos todo o padrão da ISO 22000 de segurança alimentar dentro da criação. E ela exige que qualquer dano ou ocorrência, que exista no bife vendido, seja mapeado.”

Além da rastreabilidade, a tecnologia também está presente no veículo que Julio escolheu: a S10 High Country. Com a picape, ele consegue atender tanto às demandas da criação de avestruz, quanto da transportadora e ainda se aventurar no hobby predileto: as bicicletas.

“Para mim, é muito importante ter uma picape pela versatilidade que ela oferece para o meu dia a dia. Uma hora eu estou carregando um saco de ração ou carregando uma tonelada de milho para trazer para fazenda, na outra hora eu preciso carregar uma peça de um caminhão ou um pneu para socorrer alguém na estrada ou, às vezes, até para o meu lazer para carregar uma bicicleta na caçamba. Essa versatilidade e segurança que um carro alto 4×4 me traz, além da possibilidade de me levar a lugares muito mais longe. Às vezes, quero fazer um passeio de bicicleta na Serra da Canastra, por exemplo, e um 4 x 4 vai me levar até lá. E tem a tecnologia do dia a dia, de ter um ar-condicionado e um conforto, porque ela é extremamente confortável. A vida agitada com celular pra lá e pra cá ou ter que achar um local [no GPS]. Então, toda essa tecnologia embarcada nos veículos é fundamental para o meu dia a dia.”

Em meio a administração dos dois negócios da família, Julio ainda encontra tempo para fazer trabalhos sociais. Ele é Presidente do Bicicross de Paulínia e atua diariamente para que crianças da comunidade tenham as mesmas oportunidades que ele teve no esporte. Para o produtor rural, esta é uma das formas de contribuir para um mundo com menos desigualdade social, algo que ele diz ter aprendido com o convívio familiar.

“Eu falo que eu sou um cara que sonha muito, minha cabeça é a mil. Então, dentre os meus sonhos, que lógico, é constituir uma família, ter a criançada correndo aqui, seja de bicicleta, seja num avestruz, eu penso também em um mundo melhor. É isso que eu batalho, inclusive nos projetos sociais, como Presidente do Bicicross de Paulínia. Isso eu aprendi com a minha família, saber repartir o pão de cada dia e é o que eu levo como a minha base. Eu não quero ser o cara mais rico do planeta, não que dinheiro não faça bem, pelo contrário, mas não adianta ser o cara mais rico sozinho ou do lado de pessoas que não tenham um prato de comida em casa. Então, esse dia a dia de buscar um mundo melhor, se eu conseguir mudar o meu bairro, no final das contas, eu acho que já é uma grande conquista para o mundo que eu estou vivendo.”