Segundo o INCA, 704 mil casos por ano devem ser diagnosticados no Brasil até 2025
Diminuir a incidência do câncer, garantir acesso integral ao paciente – do diagnóstico ao tratamento -, melhorar a qualidade de vida dos pacientes oncológicos e reduzir a mortalidade pela doença são alguns dos objetivos da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no SUS, instituída no final de 2023, que ganha ainda mais força neste quatro de fevereiro, quando é celebrado o Dia Mundial do Câncer. Para que os objetivos sejam alcançados, o cuidado multidisciplinar deve ser valorizado em todos os âmbitos, inclusive no emocional. O tratamento oncológico é composto por inúmeras etapas e cada uma delas é de extrema importância para garantir qualidade de vida ao paciente. O câncer está entre as doenças que mais matam no mundo e, ainda assim, é considerada uma doença crônica no Brasil, recebendo o mesmo aporte de outras doenças bem menos complexas, o que faz com que o paciente do SUS tenha acesso limitado a um tratamento moderno e eficiente.
O ano de 2024 trará indicadores importantes para o tratamento oncológico no Brasil, pois deve apresentar números mais reais no que se refere ao diagnóstico de novos casos de câncer, já que é o primeiro ano sem os reflexos da pandemia. O aumento da expectativa de vida dos brasileiros é outro fator que deve ser levado em consideração e que, a longo prazo, impactará a forma de lidar com a doença. Para André Sasse, oncologista clínico e CEO do Grupo SOnHe, o aumento no número de casos de câncer no Brasil, seja derivado do represamento de diagnósticos no período da pandemia ou em função do aumento da expectativa de vida dos brasileiros, indica a necessidade de uma mudança na forma de lidar com a doença no SUS. “Precisamos reconhecer o câncer como um problema de saúde púbica nacional, que precisa de uma política específica e, a meu ver, é o que a nova Política Nacional do Câncer traz, mas ainda de forma superficial”, explica Sasse.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deve registrar até 2025, 704 mil novos casos por ano da doença, sendo 70% deles concentrados na região sudeste do país. Para os oncologistas brasileiros, o Dia Mundial do Câncer, vem cercado de desafios e o primeiro deles é lidar com os gargalos enfrentados pelos pacientes, desde o momento em que suspeitam do câncer até a confirmação do diagnóstico. André Sasse explica que os pacientes levam muito tempo para serem diagnosticados com a doença e mais tempo ainda para iniciarem o tratamento adequado. Ainda segundo o oncologista, é nesse momento em que vidas são perdidas e, por isso, defende alterações expressivas na jornada do paciente. “O excesso de regulações torna muito burocrática a vida do paciente com câncer no SUS, que depende da Unidade Básica de Saúde para suspeitar do diagnóstico, pedir os exames, confirmar a suspeita e encaminhar para o especialista. Essa jornada precisa ser mais ágil”, defende o médico.
A regulamentação da Polícia Nacional de Prevenção e Controle do Câncer no SUS talvez seja um dos principais desafios de 2024 no que se refere ao tratamento oncológico no Brasil. Em um ano em que o avanço tecnológico deve surpreender ainda mais, apresentando tratamentos modernos e medicamentos eficazes contra a doença, é preciso garantir o acesso dos pacientes do SUS a essas possibilidades, que podem trazer mais esperança no tratamento do câncer. Por isso, é preciso deixar claro quem vai pagar essa conta. “Essa política foca na identificação e intervenção de determinantes de câncer, promoção de hábitos saudáveis, enfrentamento de riscos ambientais e alimentares, propõe a implementação de ações de detecção precoce, garantia de confirmação diagnóstica no tempo oportuno e o uso de tecnologias diagnósticas avançadas. As intenções são boas, mas é preciso saber de quem será a responsabilidade por essas garantias ao paciente”, pontua André Sasse.