Dia Internacional da Pessoa com Deficiência terá roda de conversa, dança e lançamento de livro

Doutora pela UNICAMP lança obra com protagonismo de pessoas com deficiência e suas mães

Em comemoração ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (03/12), a Unicamp – Café I Cultura Casa do Lago inaugura sua primeira edição com um evento gratuito com dança inclusiva, liderado pela professora Dra. Keyla Ferrari. Neste evento haverá o lançamento do livro “Dance com ele: Práticas e interações entre mães e filhos com deficiência” que faz referência à importância da dança para uma sociedade mais inclusiva. Durante o evento, a autora Dra. Keyla Ferrari, fará uma roda de conversa com depoimentos de mães e pessoas com deficiência física e intelectual, um recorte de registros tocantes presentes no livro. O evento será realizado no dia 29 de novembro (terça-feira), das 16h às 18h.

“O evento, assim como todo o projeto de dança inclusiva que desenvolvemos durante o ano, são importantes para fortalecer o vínculo da universidade com a sociedade. Desenvolvemos ações culturais com pessoas com deficiência de forma realmente inclusiva. E neste evento teremos mais uma oportunidade de fazer com que as mães, protagonistas com seus filhos, interajam e troquem as ricas experiências que carregam em suas jornadas. Esperamos que todos tenham interesse em conhecer mais e se inspirar com este grupo de pessoas brilhantes”, convidada Dra Keyla Ferrari.

LIVRO – Dance com ele

O Livro, da editora ABarros, “Dance com ele: Práticas e interações entre mães e filhos com deficiência” é de autoria de Keyla Ferrari, doutora pela UNICAMP, idealizadora de renomados projetos sociais inclusivos ligados a universidades e ao mundo da dança. Nesta obra, fruto de 20 anos de atividades que culminaram em uma tese de doutorado na UNICAMP, a autora apresenta como tornar acessível a prática da dança expressiva para mães e filhos com e sem deficiência.

“O livro é um convite para momentos especiais. Apresenta a possibilidade de se realizar um dialogo corporal entre mães e filhos, permeado por criatividade, ludicidade e afeto que respeita as possiblidades, histórias de vida e motivações pessoais de cada díade”, destaca Dra. Keyla Ferrari.

Prefácio de Calinhos de Jesus:

Carlinhos de Jesus, coreógrafo e dançarino renomado no Brasil e no mundo, registra no prefácio do livro a contribuição da conexão das mães com seus filhos por meio da dança.

“Sabemos que o amor de mãe é pleno, completo. Mesmo antes do nascimento ela já sabe que este sentimento será eterno, sem troca, gratuito, sincero, intenso e puro. Em “Dance com Ele” (livro), acompanhamos uma mãe com uma conexão profunda com seu filho com deficiência, e que foi capaz de desenvolver, através de estudos científicos, uma forma de contribuir para o desenvolvimento dele através da dança”, Carlinhos de Jesus

leia o que diz na entrevista, a Doutora Keyla Ferrari

Entrevista:

 Pergunta 1 quem é Keyla Ferrari?????

Eu sou pedagoga apaixonada pela arte do movimento e a dança desde pequena…, Atuo como professora universitária  e  também na  área  da educação especial e inclusiva,  sempre gostei de lecionar e acredito na educação através da arte.  Fiz minha carreira acadêmica na pedagogia com especialização  em LIBRAS e educação especial e mestrado e doutorado na área da educação física adaptada

Pergunta 2 :Qual foi a principal fonte de inspiração para a produção do livro que você acaba de lançar ?…..

A inspiração para escrever o livro partiu das minhas pesquisas de doutorado e de mais de 20 anos atuando na área da dança com mães e filhos com deficiência E aí eu comecei a trazer as mães para sala de aula para que elas dançassem com seus filhos com deficiência e os relatos dessas mães e também o que eu via no dia a dia me fizeram acreditar ainda mais no Poder da arte e no poder  da interação corporal mediada pela música  pela dança e pelo movimento entre mães e filhos

Teve uma mãe que  chegou  até mim e  relatou  assim:   Eu tinha muita dificuldade de interagir com meu filho em casa  até  para amamentar e hoje depois que eu comecei a dançar eu voltei a olhar para o meu filho de outra forma a interagir com ele e ele também voltou a sorrir  e nós estamos mais unidos do que nunca Então esse foi um relato que me marcou muito entre outros

Teve outra mãe  que falou: Olha antes eu era só a mãe da Aninha (Aninha um nome fictício para preservar a identidade) e eu só empurrava a cadeira de rodas  então era  conhecida como a mãe da Aninha agora eu sou a Maria bailarina que também é mãe da Aninha.

Entrevistar mães que eu atuei e outras mães que dançavam com seus filhos me inpiraram a fazer da tese um livro de fácil acesso

Pergunta 3: O olhar diferenciado da sociedade em geral que pessoa com deficiência ( PCD) recebe , muda quando o foco passa a ser o mudo das artes e cultura ?

Eu acredito que sim o olhar da sociedade muda quando ela pode  ver uma pessoa com deficiência dançando, cantando, pintando, enfim… porque a sociedade consegue ver que todos nós temos capacidades temos talentos temos possibilidades de expressão e comunicação então eu acredito que a arte ela traz essa beleza que é a diversidade humana e  possibilidades, a arte sensibiliza e faz refletir, olhar a vida e as pessoas com deficiência com beleza  poesia e menos preconceito.

Pergunta 4: Além da falta de acessibilidade em muitos locais, inclusive para o público ( cadeirantes, cegos , surdos , etc.. quais são os desafios do segmento das PCDs para a prática das artes em geral além da dança ?

Os desafios são muitos eu começo dizendo que a arte  no Brasil ainda precisa de mais investimento a arte como um todo então nós temos  falta de investimento para praticar a arte inclusiva em geral.

Mas principalmente o que eu percebo é na questão de acessibilidade E aí  nesta questão  eu percebo que hoje os teatros, cinemas eles têm locais acessíveis para pessoas com deficiência  física motora, para cadeirantes entretanto, não são todos os teatros que tem acessibilidade para o artista cadeirante e essa é uma reflexão que eu trago ou seja,  os teatros tem acessibilidade para o público cadeirante mas às vezes não tem um camarim acessível, um elevador acessível para o artista cadeirante chegar ao palco. Então sempre nos deparamos com dificuldade para colocar as nossas  bailarinas em cadeira de rodas  em cima do palco  Ainda posso falar da questão da língua que muitas obras   como: cinema teatro, literatura deveriam ser traduzidas em Libras,  então precisamos  contar com o intérprete de libras com mais frequência dentro do contexto artístico assim como  o profissional  que faz a  áudio descrição ,  precisamos nos preocupar em trazer a arte de  fato acessível a todos, sendo a pessoa com deficiência publico ou artista.

 Pergunta 5:  Até que ponto, a arte e a cultura ajudam como ferramentas na quebra de paradígmas da exclusão das PCDs

Eu acredito que essa pergunta ela vem de encontro com a outra pergunta que eu respondi é que a arte  traz a reflexão, a beleza ,  o potencial de todas as pessoas, dentro da sua diversidade Então eu acho que a arte nos leva a refletir que todo ser humano pode se expressar  e é capaz tem talentos têm habilidades E que tudo pode ser adaptado para que todas as pessoas consigam executar uma atividade artística  então uma dança pode ser adaptada para uma pessoa que dança em cadeira de rodas, a pintura ela pode ser adaptada para uma pessoa que tenha dificuldade  de movimentos nos membros superiores então a trazendo a possibilidade a arte faz com que as pessoas  reflitam  que precisamos  de  uma sociedade preparada para incluir todas as pessoas

Pergunta 6 : Pelas estatíticas -, qual é o quadro geral do segmento no Brasil no campo das artes e mercado de trabalho

Olha eu não sou a pessoa das estatísticas então não sou s preparada para falar de estatística porque todas as minhas pesquisas  são qualitativas, mas  o que eu posso dizer é que no Brasil existem muitas companhias de dança inclusiva muitos grupos artísticos de teatro inclusivo muitos trabalhos  desenvolvidos nas artes plásticas,  na música e no cinema que são inclusivos e que integram artistas com uma condição de deficiência , trabalhos bem feitos e de qualidade  e na dança e eu posso citar o bailarino Marcos Abranches que representa o nosso país na área da dança ele tem uma condição de paralisia cerebral e é um nome muito importante na área dadança.

Pergunta 7 :  Como o setor público pode contribuir com políticas afirmativas com o avanço do segmento ?

Acredito que criando projetos, oferecendo aulas de artes , musica , dança teatro, pintura, desenho, fotografia cinema etc, abertas para pessoas com deficiência, mas principalmente capacitando os profissionais e professores das artes para aturarem no contexto artístico inclusivo e logicamente buscando recursos financeiros para apoiar os profissionais com deficiência que já atuam como artistas.

Pergunta 8: Como ter acesso ao seu livro ? Ele está nas redes sociais

 Sim está, podem entrar em contato pelo  meu instagram e pelo link da editora:

https://www.instagram.com/keylaferrarilopes/

E-book Dance com ele https://bit.ly/3wKGQ6G Editora Abarros

Pergunta 9: Você trabalha a obra em vídeo com linguagens de sinais ? ( libras ) braile .. Enfim , que canais você usa para se comunicar

Este livro ele tem texto e QR code para vídeos,  por ser voltado ás mães ainda não temos verba para fazer em LIBRAS ou áudio livro ou braille como eu gostaria infelizmente.

Porém eu crio muitos conteúdos em LIBRAS, musica e poesia sempre que posso.